sábado, 26 de setembro de 2009

Reciclar é preciso!

A preservação do Meio Ambiente é um tema bastante relevante, o aquecimento global e seus efeitos têm preocupado os cientistas e governantes do mundo inteiro. Algumas atitudes são consideradas imprescindíveis para amenizar a degradação ambiental ocasionada pela poluição. Entretanto, ainda são consideradas singelas as mudanças de comportamento da população mundial.
Nosso trabalho, como educadores, é alertar para este problema, sensibilizando os educandos. Mas, as informações devem estar acompanhadas de atitudes. Como está o ambiente da nossa escola? Estamos reciclando de maneira correta? Devido a essas inquietações selecionamos texto para trabalhar as questões ambientais com alunos de Educação Infantil e Séries Iniciais.

1º momento: Apresentar e explorar oralmente o texto “chegou a coleta seletiva”:

2º momento: Fazer a intertextualidade utilizando textos mais lúdicos, de acordo com a faixa-etária dos educandos:

3º momento: Utilizar textos enigmáticos que tragam mensagens sobre as questões ambientais:

4º momento: Propor atividades de análise de atitudes:

5º momento: montar um cartaz com os diferentes tipos de textos:

6º momento: Elaborar panfletos e lixeiras com os alunos e distribuí-los na comunidade.

7 º momento: utilizar materiais recicláveis para criar objetos e brinquedos.


Camila, Elisa, Juliana e Ludyani.

sábado, 12 de setembro de 2009

A intertextualidade e o ensino de Língua Portuguesa

Renata da Silva de Barcellos
(C.E.Ten. Otavio Pinheiro)

O texto e o ensino de Língua Portuguesa

Primeiramente, faz-se necessário dizer que, neste trabalho, texto é entendido como “toda unidade de produção de linguagem situada, acabada e auto-suficiente do ponto de vista da ação ou da comunicação” (Bronckart, 1999). O texto é o elemento básico com que devemos trabalhar no processo de ensino de qualquer disciplina. É através do texto que o usuário da língua desenvolve a sua capacidade de organizar o pensamento/conhecimento e de transmitir idéias, informações, opiniões em situações comunicativas.

Pode-se dizer assim que, sobretudo, no ensino de língua portuguesa, os constantes desafios encontrados pelo professor são: compreender o texto como um produto histórico-social, relacioná-lo a outros textos já lidos e/ou ouvidos e admitir a multiplicidade de leituras por ele suscitadas.

Tal entendimento do que seja texto evidencia a necessidade de trabalhar, em sala de aula, com vários gêneros textuais, usados em diferentes situações e com objetivos diversos: construir e desconstruir esses textos, ressaltando os efeitos provocados pelas alterações, criar intertextos, verificar o gênero textual e modificá-lo etc. Portanto, para realizar esse tipo de trabalho com a língua portuguesa, o professor precisa ter consciência da diferença entre saber usar uma língua, adequando-a convenientemente a contextos e saber analisá-la, tendo conhecimento de conceitos sobre sua estrutura e funcionamento e a nomenclatura gramatical pertinente.

Atualmente, a escola enfatiza o trabalho da leitura e da produção de textos, tentando equilibrá-lo com a análise das estruturas da língua e com seu uso. Dessa forma, através da interação com vários gêneros textuais e o intertexto presente neles, o professor pode investigar a experiência anterior do aluno enquanto leitor de palavras e de mundo e seguir pistas deixadas pelo autor no texto para considerar também o implícito, inferindo, assim as intenções do autor.

Então, o aluno, por sua vez, desempenha ora o papel de leitor, ora o papel de produtor de textos, ou seja, aquele que pode ser entendido pelos textos que produz e que o constituem como ser humano.


A intertextualidade

O processo ensino/aprendizagem de Língua Portuguesa deve basear-se assim em propostas interativas a fim de promover o desenvolvimento do indivíduo numa dimensão integral. Portanto, nessa perspectiva, o trabalho do professor é, dentre outros, desenvolver no aluno a capacidade de identificar um intertexto. . A intertextualidade é “um fenômeno constitutivo da produção do sentido e pode-se dar entre textos expressos por diferentes linguagens” (Silva, 2002). O professor deve, então, investir na idéia de que todo texto é o resultado de outros textos. Isso significa dizer que não são “puros”, pois a palavra é dialógica. Quando se diz algo num texto, é dito em resposta a outro algo que já foi dito em outros textos. Dessa forma, um texto é sempre oriundo de outros textos orais ou escritos. Por isso, é imprescindível que o professor leve o aluno a perceber isso.

Assim, a utilização da intertextualidade deve servir para o professor não só conscientizar os alunos quanto à existência desse recurso como também utilizar um modo mais criativo de verificar a capacidade dos alunos de relacionarem textos.

A intertextualidade ocorre em diversas áreas do conhecimento. Eis abaixo algumas delas:

A literatura: por exemplo, entre Casimiro de Abreu “Meus oito anos” e Oswald de Andrade “Meus oito anos”. Aquele foi escrito no século XIX e este foi escrito no século XX. Portanto, o 2 texto cita o 1, estabelecendo com ele uma relação intertextual.



A pintura: o quadro do pintor barroco italiano Caravaggio e a fotografia da americana Cindy Sherman, na qual quem posa é ela mesma. O quadro de Caravaggio foi pintado no final do século XVI, já o trabalho fotográfico de Cindy Sherman foi produzido quase quatrocentos anos depois do quadro. Na foto, ela recria o mesmo ambiente e a mesma atmosfera sensual da pintura, reunindo um conjunto de elementos: a coroa de flores na cabeça, o contraste entre claro e o escuro, a sensualidade do ombro nu etc. A foto de Sherman é uma recriação do quadro de Caravaggio. Aquela, explícita e intencionalmente, cita este ao manter quase todos os elementos do quadro original.



O jornalismo: - a publicidade - um dos anúncios do Bom Bril em que o ator se veste e se posiciona como se fosse a Mona Lisa de Da Vinci e cujo enunciado-slogan é “Mon Bijou deixa sua roupa uma perfeita obra-prima” Esse enunciado sugere ao leitor que o produto anunciado deixa a roupa bem macia e perfumada, ou seja, uma verdadeira obra-prima (se referindo ao quadro de Da Vinci).



Quanto à intertextualidade na publicidade, pode-se dizer que ela assume a função não só de persuadir o leitor como também de difundir a cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura, escultura, literatura etc). Assim, quando há a utilização deste recurso, boa parte do efeito de uma propaganda ou do título de uma reportagem é proveniente da referência feita a textos pré-existentes. Esses textos ora são retomados de forma direta, ora de forma indireta, levando o destinatário a reconhecer no enunciado o texto citado. (Portanto, segundo Almeida, pode tratar-se da citação tanto de um enunciado cuja autoria é reconhecida (Os documentos são “imexíveis) usando o neologismo criado pelo ministro do trabalho Magri “imexível”); quanto de um enunciado anônimo pertencente ao patrimônio social (um político) diz: “Se Lincoln fosse vivo, ele estaria rolando no túmulo”, fazendo alusão a este enunciado “Fulano deve estar rolando no túmulo” cujo valor é de descontentamento.


Intertextualidade
uma proposta de classificação

Apresentaremos a seguir uma proposta de classificação de intertextos com base no corpus selecionado a fim de trabalhá-lo em sala de aula de Português e de Literatura.



Clichê: é o enunciado que se transformou em uma unidade lingüística estereotipada por ser muito proferido pelas pessoas. Num jornal sobre esportes foi criada uma charge com o enunciado: “Por trás de todo grande time há um grande treinador”. Tal enunciado remete a outro pertencente ao patrimônio social “Por trás de todo grande homem há uma grande mulher”. O enunciado do jornal, na época, pretendia elogiar a conduta do treinador pelo fato do time Vasco ter ganhado o campeonato.

Outro exemplo destacado foi o da publicidade do Sesi a respeito de um concurso de empresas sobre a qualidade no trabalho. O slogan da publicidade era: “Se o trabalho dignifica o homem, o trabalho em equipe o torna um vencedor”. Observa-se que a partir de um clichê “O trabalho dignifica o homem”, utilizado numa estrutura com valor condicional “Se o trabalho...”, ressalta-se em seguida a importância do trabalho em equipe “...o trabalho em equipe o torna um vencedor”.

Proverbial: é um enunciado popular que expressa de forma sucinta uma mensagem. O título de uma reportagem sobre funcionários e ações trabalhistas: “Depois do suor, o desamparo” que remete ao provérbio “Depois da tempestade vem a bonança”. Sendo que ao contrário desse (depois dos fatos negativos vem o positivo), o título da reportagem sugere que depois de todo esforço “suor”, os funcionários não obtiveram o que almejavam: o reconhecimento. Foram vítimas do desemprego “desamparo”.

Palavrão: é o enunciado que apresenta uma palavra grosseira ou obscena. O jornalista Agamenon, responsável por uma matéria do Segundo Caderno do jornal O Dia, cuja característica é o humor, nomeou uma de suas matérias de Cuba se Fidel. No mesmo, observa-se a alusão ao palavrão “se foder” e um jogo entre este e o nome do presidente de Cuba, Fidel Castro, por causa da semelhança fonética “Fidel e fodeu”.

Bíblico: quando o enunciado menciona uma passagem da Bíblia. O título de uma reportagem sobre o turismo na Ilha Grande “A fé move turistas nas trilhas da Ilha Grande” se referindo à passagem bíblica que diz: “A fé move montanha”.

Literário: quando o enunciado se refere a verso(s), a passagem (ns) ou a título (s) de obra.

- Exemplo de título de obra: A publicidade da marca Ceramidas usa como slogan o seguinte enunciado: “Dona flor e seus dois produtos”, que, por sua vez, se reporta a uma das obras de Jorge Amado intitulada Dona flor e seus dois maridos. Observa-se assim que na publicidade Dona Flor é representada pela marca Ceramidas e os dois produtos pelo xampu e pelo condicionador.

Uma matéria da revista Isto é intitulada: “E o vento levou” sobre produtos de cabelo é o título de uma obra de Margaret Mitchell. Essa matéria mostra como os produtos mencionados deixam os cabelos leves e soltos.

- Exemplo de verso: O título de uma reportagem: “Infinito, mas enquanto durou” se referindo ao verso de Vinícius de Moraes “que seja infinito enquanto dure” que, por sua vez, faz alusão ao pensamento de Sofocleto: “O amor é eterno enquanto dura”.

Musical: quando a letra de uma música se reporta a outra letra já existente. Num trecho do rap Sem saúde de Gabriel O Pensador, o compositor diz: “... me cansei de lero-lero / dá licença mas eu vou sair do sério...” mencionando uma das músicas de Rita Lee.


Considerações Finais

O objeto de estudo deste trabalho, a intertextualidade, serviu para ilustrar a importância do conhecimento de mundo e como esse fator interfere no nível de compreensão do texto. Pois, embora o aluno-leitor não identifique o intertexto, vai entendê-lo. Mas ao relacionar um texto com outro, compreenderá o texto lido na sua profundidade e por conseqüência será capaz de refletir sobre o recurso adotado pelo autor para quando for compor textos. Dessa forma, na aula de Português, por exemplo, o aluno compreenderá que a intertextualidade é um das estratégias utilizadas para a construção de um texto. No caso específico da publicidade, quando utiliza a intertextualidade é uma forma diferente de persuasão cuja intenção é de levar o leitor a consumir um produto e de também difundir a cultura.

Enfim, a intertextualidade deve fazer parte do planejamento do professor de Português e de Literatura. Pois, afinal, é a cultura do país e do mundo que estão em movimento. Cabe a ele, então, levar o leitor a reconhecer intertextos e a redigir utilizando também esse recurso.




Referência bibliográfica

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